Atividades criativas ajudam o cérebro a envelhecer mais lentamente, mostra estudo internacional

  • 14/10/2025
(Foto: Reprodução)
Mudanças simples na rotina podem melhorar a saúde do cérebro Um estudo internacional publicado na revista científica Nature Communications mostrou que se envolver em atividades criativas — como dançar, tocar instrumentos, pintar, cantar ou até jogar videogame — pode retardar o envelhecimento do cérebro. A pesquisa analisou dados cerebrais de mais de 1.400 participantes de 13 países e descobriu que pessoas que praticam atividades criativas com frequência têm cérebros “mais jovens” do que aquelas que não cultivam esses hábitos. “Não é que o cérebro rejuvenesce — ele envelhece mais lentamente”, explica o neurologista Renato Anghinah, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores do estudo. “O cérebro dessas pessoas mantém sua capacidade de resposta e de criação por mais tempo.” 🧠 O que a ciência descobriu A equipe usou modelos computacionais conhecidos como brain clocks (“relógios cerebrais”) para comparar a idade biológica e cronológica do cérebro. Entre os grupos analisados — dançarinos, músicos, artistas visuais, jogadores de videogame e pessoas que não praticavam nenhuma atividade criativa —, os resultados foram claros: os que se envolviam regularmente com práticas criativas tinham cérebros mais jovens e conexões neurais mais eficientes. Os chamados “não praticantes” — grupo usado como controle — apresentaram o padrão esperado de envelhecimento cerebral, sem os ganhos observados nos criativos. Já os aprendizes, que começaram recentemente uma atividade, mostraram melhora intermediária: os benefícios aparecem mesmo após poucas semanas de treino. O efeito foi ainda mais evidente nos dançarinos de tango, cujos cérebros pareceram até sete anos mais jovens do que a idade real. Segundo Anghinah, isso acontece porque a dança combina movimento, coordenação, música e improviso, ativando várias regiões cerebrais ao mesmo tempo. “A dança é uma atividade completa: exige coordenação motora, planejamento, resposta rápida e criatividade. Tudo isso faz com que o cérebro crie mais conexões e mantenha essas redes ativas por mais tempo”, explica o pesquisador. Dançarinos de tango têm cérebros que parecem até sete anos mais jovens do que a idade real. Reprodução 🎭 Criatividade como ferramenta de saúde pública O neurologista acredita que o estudo ajuda a revalorizar o papel das artes e da criatividade como fatores de saúde e não apenas de lazer. “A arte sempre foi colocada em segundo plano, como se fosse algo opcional. Mas ela deve ter o mesmo peso que o exercício físico ou uma boa alimentação. As atividades criativas fazem parte da complexidade da nossa cognição e precisam estar no centro das políticas públicas”, afirma. Anghinah defende que escolas — públicas e privadas — deveriam manter o ensino de música, teatro e artes como componentes essenciais do currículo. 🎮 Começar tarde também traz benefícios Mesmo quem nunca se considerou uma pessoa criativa pode se beneficiar. O estudo mostrou que começar depois dos 50 ou 60 anos ainda traz ganhos mensuráveis para o cérebro. “Se a pessoa resolve entrar num coral, aprender um instrumento, pintar ou jogar algum jogo que exija atenção e raciocínio, ela vai criar novas conexões e reativar habilidades antigas”, diz Anghinah. “Não é o mesmo efeito de quem fez isso a vida inteira, mas o cérebro continua respondendo. A neuroplasticidade funciona até o fim da vida.” 💡 Pequenas mudanças que fazem diferença Para o neurologista, o ideal é começar aos poucos e encontrar uma atividade que gere prazer. “Há infinitas formas de ser criativo”, diz ele. “Cantar, cozinhar de forma diferente, aprender um tipo novo de dança, fazer crochê, pintar, desenhar ou até jogar videogames que exijam estratégia e coordenação — tudo isso ajuda o cérebro a trabalhar melhor.” “A criatividade é um exercício de liberdade mental. Ela não precisa de talento, mas de curiosidade e constância”, resume. 🧩 Um novo olhar sobre o envelhecimento Os pesquisadores acreditam que, no futuro, a criatividade poderá ser prescrita como ferramenta de prevenção. “Acho que o grande recado é que o envelhecimento cerebral é resultado de uma soma de fatores: boa alimentação, atividade física, sono, e agora sabemos que a criatividade também é um protetor importante”, diz Anghinah. Ele próprio, após participar da pesquisa, diz ter se inspirado a retomar antigos hobbies. “Eu era uma pessoa muito racional, de pesquisa. Mas esse estudo me fez voltar a cantar e a buscar atividades criativas. Até o pesquisador sai transformado”, ri.

FONTE: https://g1.globo.com/saude/bem-estar/noticia/2025/10/14/atividades-criativas-ajudam-o-cerebro-a-envelhecer-mais-lentamente-mostra-estudo-internacional.ghtml


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