Cadeirante enfrenta três ônibus com elevador quebrado e diz que falha gera constrangimento: 'ficam olhando'
03/09/2025
(Foto: Reprodução) Elevadores de ônibus quebrados prejudicam acessibilidade de cadeirantes em Campinas
Uma estudante de 25 anos enfrentou por três vezes seguida o mesmo problema de acessibilidade ao usar o transporte público de Campinas (SP) para chegar a uma consulta médica nesta quarta-feira (3): os elevadores para cadeira de rodas dos veículos não funcionaram corretamente.
Uma falha que, além do atraso de duas horas no horário previsto para chegar ao hospital, provoca situações de preconceito e vergonha.
"É ruim, tem que esperar o próximo ônibus, às vezes vem do mesmo jeito, quebrado, ou pior. É meio chato, porque as pessoas ficam olhando. É meio vergonhoso também", diz Andrielle Sandrine da Silva Santos.
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Acompanhada da avó, a jovem saiu de Hortolândia (SP) às 8h, e tinha como destino o Hospital Mário Gatti, às 9h. Por conta dos problemas em Campinas, após usar o transporte intermunicipal sem intercorrências, só compareceu ao compromisso às 11h.
"Já reclamei na Emdec, nos terminais de ônibus. Não tem onde mais pedir socorro. A gente fica desesperado, de estar passando por aquela situação ali. O pessoal fica todo olhando pra gente. Às vezes tem gente que fica reclamando por conta do atraso, mas a gente não tem culpa. Eu não tiro o direito de ninguém, porque o pessoal também tem os compromissos, médico, trabalho, e termina se atrasando", relata Rosangela da Silva.
As barreiras nesta quarta aconteceram quando a jovem tentou embarcar em um ônibus da linha 213. Com a falha no elevador, outro veículo da mesma linha foi acionado, mas apresentou o mesmo problema.
A solução foi embarcar em um ônibus da linha 132, mas daí o equipamento de acessibilidade deixou de funcionar no destino. Com isso, passageiros tiveram de ajudar no desembarque da estudante.
"Às vezes é dois, três ônibus quebrado. Às vezes sobe, e quando é para descer, não dá, tem que chamar pessoas para ajudar descer. Minha cadeira é motorizada, pesada", completa Andrielle.
A estudante Andrielle da Silva Santos, de 25 anos, enfrentou três ônibus com elevadores para cadeira de rodas quebrados em Campinas (SP) nesta quarta (3)
Reprodução/EPTV
O que dizem as empresas?
Responsável pela gestão do trânsito em Campinas, a Emdec informou que somente em 2025 foram registradas 27 reclamações sobre a manutenção dos elevadores do transporte público.
Em nota, a empresa municipal informou que realiza fiscalização diária nas linhas municipais e inspeções semestrais em toda a frota, verificando mais de 800 itens de segurança e acessibilidade. "Em caso de falhas, como em elevadores, o ônibus é retirado de circulação, um reserva entra em operação e a empresa é notificada", destaca.
A Emdec reforça que a renovação da frota do transporte público de Campinas depende da nova licitação, processo atrasado desde 2016, e que aguarda publicação do edital para outubro.
A Concicamp-Campibus, responsável por dois dos ônibus que apresentaram problemas com a estudante, informou que o problema com o elevador não tinha sido informado pelo motorista, e que agora vai recolher os veículos de números 2402 e 2403 para avaliação, mas destacou que eles "estão novos e na garantia".
Já a VB Bonavita, responsável pelo veículo da linha 132, destacou que em manutenção foi verificado que "um fusível do elevador estava queimado, mas que o problema já foi solucionado".
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