'Playground do narcotráfico' e déficit comercial: leia cartas de Trump com alegações para taxar México e UE
12/07/2025
(Foto: Reprodução) Presidente dos EUA alega que México falhou em deter cartéis de drogas e o que foi feito para proteger fronteiras ainda 'não é suficiente'. Segundo ele, o déficit comercial dos EUA com o bloco europeu é 'persistente e prolongado'. Trump anuncia tarifa de 30% para a União Europeia
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas tarifas de 30% para importações do México e da União Europeia neste sábado (12).
Em uma carta enviada à presidente do México, Claudia Sheinbaum, Trump justificou a imposição da nova taxa à "falha do México em deter os cartéis" de drogas, que, segundo ele, transformaram "América do Norte em um playground do narcotráfico".
Já no documento enviado à presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, ele alegou que um dos maiores déficits comerciais que os EUA têm é com o bloco europeu.
Veja a seguir a íntegra das cartas.
Carta à presidente do México, Claudia Sheinbaum.
"É uma grande honra para mim enviar-lhe esta carta, pois ela demonstra a força e o comprometimento do nosso relacionamento comercial, e o fato de que os Estados Unidos da América concordaram em continuar trabalhando com o México.
Apesar do nosso forte relacionamento, a senhora deve se recordar que os Estados Unidos impuseram tarifas ao México para lidar com a crise de fentanil em nosso país, causada, em parte, pela falha do México em deter os cartéis, que são compostos por algumas das pessoas mais desprezíveis que já pisaram na Terra, ao despejarem essas drogas em nosso país.
O México tem ajudado a proteger a fronteira, MAS, o que foi feito ainda não é suficiente. O México ainda não conseguiu deter os cartéis que tentam transformar toda a América do Norte em um playground do narcotráfico. Obviamente, não posso permitir que isso aconteça!
A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do México uma tarifa de 30% sobre produtos mexicanos enviados para os Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Produtos transbordados para evitar tarifas mais altas estarão sujeitos à tarifa mais elevada.
Como a senhora sabe, não haverá tarifa se o México, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos todo o possível para aprovar essas solicitações de forma rápida, profissional e rotineira – em outras palavras, em questão de semanas.
Se, por qualquer motivo, vocês decidirem aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor, esse aumento será somado aos 30% que cobraremos.
Além disso, devo mencionar que o fluxo de fentanil está longe de ser o único desafio que temos com o México, que possui muitas políticas tarifárias e não tarifárias e barreiras comerciais que causam déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. O déficit comercial é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!
Estamos ansiosos para trabalhar com vocês como parceiros comerciais por muitos anos. Se desejarem abrir seus mercados comerciais fechados aos Estados Unidos e eliminar suas políticas tarifárias e não tarifárias, talvez consideremos um ajuste nesta carta.
Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do nosso relacionamento com seu país. Vocês nunca ficarão desapontados com os Estados Unidos da América".
Carta à presidente da União Europeia, Ursula Von der Leyen.
"É uma grande honra para mim enviar-lhe esta carta, pois ela demonstra a força e o comprometimento do nosso relacionamento comercial, e o fato de que os Estados Unidos da América concordaram em continuar trabalhando com a União Europeia, apesar de termos um dos maiores déficits comerciais com vocês.
Ainda assim, decidimos seguir em frente, mas apenas com um comércio mais equilibrado e justo. Portanto, convidamos vocês a participar da extraordinária economia dos Estados Unidos, o maior mercado do mundo, de longe.
Tivemos anos para discutir nossa relação comercial com a União Europeia e concluímos que devemos nos afastar desses déficits comerciais persistentes e prolongados, causados por políticas tarifárias e não tarifárias da União Europeia. Nosso relacionamento tem sido, infelizmente, longe de ser recíproco.
A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos uma tarifa de 30% sobre produtos da União Europeia enviados aos Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Produtos transbordados para evitar tarifas mais altas estarão sujeitos à tarifa mais elevada.
Por favor, compreendam que os 30% são significativamente menores do que o necessário para eliminar o desequilíbrio comercial com a UE.
Como sabem, não haverá tarifa se a União Europeia, ou empresas dentro dela, decidirem construir ou fabricar produtos nos Estados Unidos e, de fato, faremos todo o possível para aprovar essas solicitações de forma rápida, profissional e rotineira – em outras palavras, em questão de semanas.
A União Europeia permitirá acesso completo e aberto ao mercado dos Estados Unidos, sem que tarifas sejam cobradas de nós, numa tentativa de reduzir o grande déficit comercial. Se, por qualquer motivo, decidirem aumentar suas tarifas e retaliarem, qualquer que seja o valor, esse aumento será somado aos 30% que cobraremos.
Por favor, entendam que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de políticas tarifárias e não tarifárias da União Europeia, que causam grandes e insustentáveis déficits comerciais contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!"
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Kevin Lamarque/Reuters